Troquei as voltas ao planeado (que era trabalho) e em menos de nada estávamos a caminho de Palmela ao encontro do pessoal do CMA para uma experiência no rappel e no slide. Eu e a pequena mais pequena, a mais alta de nós três e que promete continuar a crescer. Mão na mão, rolando calmamente pela A2, depois do TomTom ter desistido de nos dar indicações (então e não é que tentou fazer-me chegar à auto-estrada pelo caminho mais longo e pateta?)
Passámos a manhã entre subidas, descidas e voltas ao castelo a respirar a vista deslumbrante como quase só dos castelos se consegue ter.
Lanchámos morangos e fizémos planos para mais dias assim. Trabalho demais, elas estudam demasiadas horas, sinto que nos sobra pouco tempo para viver...
No regresso a casa, com o TomTom amordaçado, preferimos escutar a Marginal. Nem de propósito,
The greatest thing you'll ever learn is to love and be loved in return...
Cantou-a e adormeceu.
A máquina fotográfica foi comigo. Baterias carregadas, é que nem por isso. :o(
As mentiras pequeninas têm o dom de conferir a quem as diz a sua dimensão: de pequenez.
(digo eu)
Não é que as mentiras grandes sejam mais aceitáveis, não são. Mas há o medo, a cobardia, tanta coisa que poderá motivá-las. Agora as pequenas... que estatura tem quem não consegue evitar nem essas?
Apetecia-me pegar nestes, virá-los do avesso (seja lá o que isso queira dizer), fazer uma poçãozita ruim e dá-la a beber a certas pessoas. Caramba, se não sabem fazer bem, não podiam, ao menos, manter-se afastados?
Ainda cedo lancei-me às tais fatias finas quando o que me apetecia, mesmo, era estar lá fora a sentir o ar fresco da manhã tornar-se morno. Sentir o sabor a verão que chega sempre no mês de Março e nos consola antes do frio que ainda virá em Abril e Maio. Tento ver isto como um mil folhas mas não está fácil, até porque nunca gostei desse bolo, mas desistir ou adiar estão absolutamente fora de questão. Vim aqui só para desabafar um bocadinho, escrever é bom seja qual for o estado de espírito. Dois capítulos a cada três semanas, no final de Maio terei a primeira versão do livro. A meta é esta e em fatias finas lá chegarei. Quem sabe se hoje não me darei como prémio ir ver o sol cair no mar? Já arregacei as mangas. Fui.
É sábado, o sol brilha e eu aqui, em frente ao computador desde cedo. Trabalho. Começa a apetecer-me uma pausa - e almoço, já agora - e depois sair, passear ao pé do rio e dar um salto à biblioteca. Hoje vou procurar Cartas a Lucílio. Séneca faz-me bem, leva-me a pensar e dá-me esperança.
Acompanhando-me na reflexão sobre o que toma tanto dos meus dias e que faço com dedicação:
"Não estudamos para a vida, mas para a escola ."
"A vantagem é recíproca, pois os homens, enquanto ensinam, aprendem ".
Sabe-me bem ouvir a Rádio Marginal no regresso a casa, particularmente se o dia de trabalho foi longo. E são quase sempre tão longos... As aulas do segundo ciclo funcionam em horário pós-laboral, de forma que neste semestre o meu serviço é todo fora de horas. Seria mais fácil se eu não me levantasse com o sol ou antes dele. Acho. Regresso a casa calmamente, vendo as luzes de Lisboa a ficarem mais pequenas no retrovisor. É difícil desligar-me da lista de tarefas que ficou em cima da mesa e dos compromissos que enchem o meu Google calendar. Revejo mentalmente as prioridades para o dia seguinte e faço o balanço do dia. Sinto-me bem, cheia de projectos. A sabática cada vez mais próxima, umas ideias novas que passei para o papel, a vontade de transformar em livro as centenas de horas dedicadas a preparar aulas... e eis que o Barry White começa a cantar. Volto à Terra por instantes para logo de seguida levantar voo com ele. Sigo-lhe as palavras, canto, com ele mas não como ele. Não o acompanho na voz, claro, tampouco no propósito. Os tempos são de crise, crise humana, um certo tipo de pobreza que nos assola por dentro. Canto-a para mim, pensei, à falta de a quem a dedicar para, mais lúcida, concluir de seguida que é a escolha certa. Cantar esta canção vale pelo exercício, a fazer e repetir, por e para cada um de nós, que somos first, last e, sobretudo, everything para nós mesmos. O resto vem por acréscimo e para durar não se sabe quanto. Certa, só a nossa própria companhia. Pois que seja, então, a nossa preferida.
My first, my last, my everything
My first, my last, my everything You're the answer to all my dreams You're my sun, my moon, my guiding star My kind of wonderful, that's what you are I know there's only, only one like you There's no way they could have made two You're all I'm living for Your love I'll keep for evermore You're the first, you're the last, my everything And with you I've found so many things A love so new only you, only you could bring Can't you see it's you You make me feel this way You're like a fresh morning dew on a brand new day I see so many ways that I I will love you until, until the day I die You're all I'm living for You're my reality, yet I'm lost in a dream You're the first, the last, my everything I know there's only, only one like you There's no way they could have made two You're my reality But I'm lost in a dream You're the first, you're the last, my everything
Em (r)evolução.
Fascina-me o génio do género humano.
A curiosidade genuína pelos comportamentos, a causa das coisas, o como fazer e o como funciona move-me.
Gosto de ar livre, de natureza e de desporto.
Gosto de olhar nos olhos e de escrever - coisas que me fazem bem.