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domingo, 18 de outubro de 2009

O melhor do mundo


Já tiveste uma criança a dormir nos teus braços?
Sim? És um privilegiado, então.
Se já tiveste uma criança a dormir nos teus braços e percebeste que mais do que aquilo que lhe poderás comprar, do que ela necessita é do aconchego do teu colo, da segurança dos teus braços e da doçura do teu olhar, então, mais do que privilegiado, és abençoado.
Pobres e tristes os que se fecham no seu pequeno círculo, que se afastam por não saberem dar, que negam o peito com medo de perder.

E a criança que existe em ti, que é feito dela, que colo tem tido?
Quando foi a última vez que essa criança adormeceu, serena, nos braços de alguém?

Há dias em que me sinto grata por não deitar fora coisas que escrevi há muito tempo. Há recordações realmente doces, como o registo de ter uma criança correndo para os nossos braços. A foto é de 2001. As crianças continuam nos braços. Sempre.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Não colho flores


Não colho flores mas a garganta apertava-se-me de emoção quando me trazias jarros. Não por serem belos, tampouco por terem a minha predilecção, mas porque te imaginava colhendo-os pensando em mim.
Não colho flores, não tenho flores em jarras. Essa beleza não me pertence, não a quero fechada entre as minhas paredes. Nem essa nem a tua, que se sente presa mesmo com a porta aberta e as janelas rasgadas sobre o rio.
Liberdade e mobilidade não são a mesma coisa. E a tua, tal como a das flores, passa por ficares junto à terra.

E eu... eu não colho flores.

Acordei com vontade de fazer arrumações e, ainda mais, de deitar coisas fora. Estou farta de coisas, enchem-se de pó e a sua inutilidade ocupa-me e entristece-me. Guardo memórias, não fossemos nós senão o somatório do que já vivemos. Resgatei esta, escrevinhada algures.

domingo, 5 de julho de 2009

Gavetas

Tento distrar-me enquanto o sono não chega e acabo a desarrumar gavetas e papeis. Encontrei isto que escrevi, fará dois anos daqui a dez dias:

Tão simples e tão dífícil também. Como na canção, I'm in my thirties now, já vivi algumas coisas... O suficiente para saber o que não quero e também uma boa parte do que quero. Sei que aprender é a minha paixão e que quero ser interessada por coisas, por pessoas e pela vida até morrer. Viver é isso, para mim. Gosto de abraços e sorrisos sinceros, gosto de gostar e de ser gostada. Gente bonita por fora não me impressiona, apenas me faz pensar que a natureza é muito generosa com alguns. Gente bonita por dentro deixa-me com a garganta apertada e isso vê-se nos meus olhos. Não me queixo de nada, a vida tratou-me sempre bem. As pessoas, nem sempre, mas sinto que sou, depois da dor, uma pessoa melhor. Tenho medo de luzes encarnadas no escuro e de não aprender sobre mim o suficiente a tempo de ser, para mim mesma, a melhor companhia pois sei que os dias de solidão baterão à porta mais tarde ou mais cedo... Seja como for, half the perfect world is found... Half the perfect world is found. Todos os dias, nas coisas mais simples que possa imaginar, como guiar no regresso a casa enquanto na rádio passa a canção que, naquele exacto momento, precisava ouvir.

Foi há dois anos e podia ter sido ontem, ou hoje. Aperta-se-me a garganta e isso ver-se-ia nos olhos se houvesse olhos que os vissem. Mas não é tristeza que sinto, não daquela que já conheci. Há gavetas que magoam, difíceis de arrumar, mas tenho confiança. É extraordinária a interminável viagem até nós mesmos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Qualq'onde

Um dia comprei um livro só pelo título.

Depois, durante muito tempo, guardei-o e não o quis ler porque adivinhava que nele nenhuma história era como a minha, que aquele título estava ali mal. Apenas o título, nada mais tinha sido escrito para mim. Mas é próprio do espírito humano teimar em desafiar certas certezas, testar se algo resiste ao estrago, arrancar a crosta fresca para a ferida sangrar e, por isso, uma tarde sentei-me a lê-lo, à meia dúzia de historietas ridículas ao pé da minha, a aprofundar cada vez mais a certeza de que apenas a minha história tinha aquele título. Depois disso, com a certeza de que não me merecia, pu-lo num envelope e arrumei-o no sótão.
Hoje fui buscá-lo e talvez o releia. Talvez me reveja nos personagens, tão corriqueira é a minha unicidade.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Metade



A busca prossegue.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Gira-discos?


Ele: O teu carro tem pouca aceleração.
Ela: Pois é... Não puxo por ele, ando sempre devagar.
Ele (trocista): Aposto que nunca andaste com ele nas 45 rotações.
Ela: Podes apostar meeeesmo!

Tenho para mim que o moço ou é pouco observador ou tem dificuldade com as contas, mesmo quando são a multiplicar por 100. Mas isto digo eu, que sou rapariga. E o que percebemos nós, as miúdas, de motores?