quinta-feira, 18 de junho de 2009

Qualq'onde

Um dia comprei um livro só pelo título.

Depois, durante muito tempo, guardei-o e não o quis ler porque adivinhava que nele nenhuma história era como a minha, que aquele título estava ali mal. Apenas o título, nada mais tinha sido escrito para mim. Mas é próprio do espírito humano teimar em desafiar certas certezas, testar se algo resiste ao estrago, arrancar a crosta fresca para a ferida sangrar e, por isso, uma tarde sentei-me a lê-lo, à meia dúzia de historietas ridículas ao pé da minha, a aprofundar cada vez mais a certeza de que apenas a minha história tinha aquele título. Depois disso, com a certeza de que não me merecia, pu-lo num envelope e arrumei-o no sótão.
Hoje fui buscá-lo e talvez o releia. Talvez me reveja nos personagens, tão corriqueira é a minha unicidade.

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