domingo, 7 de junho de 2009

Não m'espanto


mas m'avergonho dos números da abstenção.
As minhas adolescentes não compreendem como pode ser tão mal cuidado um direito que custou tantas vidas a conquistar. Ouvi-lhes a indignação e os relatos da luta pelo direito ao voto por parte das mulheres. Ouvi-as calada. Não soube explicar-lhes porquê, não encontro argumentos válidos para justificar este baixar de braços. Sendo um direito de cada um, não me parece que isto seja realmente exercício consciente de um direito, parece-me demissão. Aflige-me o exemplo que estes pais, os que o forem, dão aos filhos - a geração que nos governará dentro de vinte anos ou menos. Depois falámos de liberdade e da responsabilidade que lhe está associada e sem a qual a dita liberdade é pouco mais do que uma miragem. Porque quando não sabemos o que queremos nem para onde queremos ir, surgirá sempre alguém que o decidirá por nós. E não se iludam, meninos e meninas, que não será um príncipe bondoso e valente montado num cavalo branco como nos contos de fadas, há-de ser alguém com um cajado a distribuir bordoada pelos lombos.
Pergunto onde estiveram hoje e o que fizeram os milhões de descontentes. Acho que no sofá ou no Algarve a gozar uma mega ponte, porque a crise é intermitente. Cada vez mais tenho vergonha do povo apático, ignorante e de memória curta que somos.

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