segunda-feira, 29 de novembro de 2010

The bottom line. And the top as well.



É isto, sem tirar nem pôr. Não só é a única coisa que no fim de contas interessa como é aí que todas as contas começam. Quem não se ama o suficiente (eu disse amar, não confundir com ser mimado ou caprichoso, o centro das atenções) fica à espera que os outros o amem e lhe supram as faltas. Guess what? Esse dia não chegará nunca. Apenas uma ténue ilusão dele. Na melhor das hipóteses.

I do known what I am talking about.

domingo, 28 de novembro de 2010

Se o dizes...

... não serei eu a contrariar-te. Aliás, estou aqui cheínha de esperança que tenhas razão. O meu problema é que eu não sei exactamente em que fase estamos. Se ainda na primeira ou se já passámos à segunda - parece-me que andamos num misto das fases um e dois, tipo... fase um e meio. Por via das dúvidas, vou preparar-me para a terceira. A quarta é a mais linear - nunca perco.

Em limite não perco a lição.

sábado, 27 de novembro de 2010

Time sharing

Nada que possas comprar. Foi como te respondi quando me perguntaste o que queria como presente de aniversário. Quero tempo, tempo teu, comigo. Quero que queiras e que encontres tempo para que os teus olhos pousem nos meus e para que juntos pousem no que nos une. Não quero o teu tempo todo, mas que jêto!, quero-o em regime de time sharing. Sim, em regime de time sharing. Se assim não fosse, que verias tu do mundo e da vida? Que me trarias de novo? E que pena seria se te esgotasses comigo...
Não quero coisas. Essas prendem-me e o que eu quero é liberdade. É a liberdade que faz ficar.

Pois... nada pobre a pedir.


Um Hirudoid com efeito Rennie, sff!

Note for self:
Deixa-te de coisas e massaja, que passa. Aproveita e massaja o ego também. Enxerga-te e põe um sorriso na cara. Não há maior desperdício que o tempo gasto com miudezas ácidas que nos desgastam sem que nos acrescentem, nem aos nossos, em alegria. A vida é maravilhosa e ser amada (tanto!) é uma preciosidade. Enjoy it!

Note for others: vale a pena pensar nisto, tá?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Prás curvas. Estás?

Em frente aos meus olhos, sobretudo quando os fecho, há sempre um caminho, uma estrada cujo fim nunca vejo porque tem, logo ali, uma curva. E no peito, latente, o desejo de seguir por ela.
Tenho, pois tenho, muita estrada pela frente, muito que caminhar. Sei que para além da estrada boa também me esperam subidas íngremes, descidas a pique e areia nas curvas. Sei que me sentarei na berma com o cansaço mas também sei que mesmo nessas alturas voltarei a pousar os olhos no caminho e que me levantarei para continuar. Ficar parada é que não. Não me interessa onde a estrada acaba, interessa-me a viagem, interessam-me as curvas. Interessa-me estar pra elas.

Contigo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quem quer...

... arranja um meio.
Sei que me repito, mas é assim mesmo. E quando começa a parecer que não quer é, em geral, porque não quer e só não encontrou forma de dizê-lo. Ou não. Por via das dúvidas, dê-se tempo e espaço. Algum, não muito. Porque quem quer arranja um meio. Sempre. E não perde tempo a arranjar desculpas.

domingo, 14 de novembro de 2010

Há Pai. Pra mim, há.


Há dias assim. Negros. Em que temos a sensação que o universo conspira contra nós. Em que tudo o que pode correr mal, corre mal, e em que, como se não bastasse, tudo o que podia correr bem, corre mal.
Já praguejei. Já disse, tra me e me, mal de tudo e de todos. E foi tanto, mas tanto, que acabei escangalhada de riso, daquele que é o que melhor nos faz e que é rirmo-nos de nós mesmos.

Obrigada Senhor por, no meio desta escuridão que eu invento, deixares uma réstia de luz que faz com que ainda consiga ver-me. Obrigada. Mesmo.

sábado, 13 de novembro de 2010

O coração é como o metro de Tóquio


Pensei que fosse elementar, que toda a gente soubesse que o coração subverte a aritmética. Pensei que fosse claro que, ao contrário das contas da primária, no amor quando se dá se fica com mais e não com menos. Achava que toda a gente sabia que no amor quando se reparte o resultado é o da multiplicação por números grandes - aumenta. Mas enganei-me.
Fazendo um desenho, o coração é mais parecido com o metro de Tóquio do que com um smart for two. No coração cabe sempre mais alguém. A única coisa que é preciso é, para quem já lá está dentro, saber conviver com quem entra.

Ou então sair na paragem seguinte.

Al(l)one


Não me lembro de coisa que me tenha custado mais a aprender do que a estar só. A mim, que até gosto de silêncio. Tanto. Quando se gosta de silêncio, cada som é escutado e tem significado, é como se tivesse corpo e ocupasse espaço. Por isso, o silêncio de quem se queria ouvir é como se fosse anti-matéria, um buraco negro, e o que se tem cá dentro é vácuo. Mas passa. Aos poucos reaprende-se a respirar profundamente, alargam-se os pulmões, e o ar que entra, sai, circula e nos oxigena é o nosso. Aprendemos a ser a nossa melhor companhia. O silêncio volta a ser bem vindo, volta-se a ser inteiro. Alone mas all one. É tudo uma questão de tempo e de vontade.

Mas muito mais da segunda que do primeiro.

domingo, 7 de novembro de 2010

All ways

I love you now.
Amar aos bocados é o que está na nossa natureza. Amar o fácil, o simples e o que nos agrada. Amar quem nos ama e nos mima, quem nos mostra que tem de nós um conceito e uma imagem que ultrapassam o conceito e a imagem que temos de nós mesmos. É nesse sentido, dando esse significado à palavra amar, que todos nós amamos muito, temos amado e amaremos. Muito. Toda a vida. E é fácil, tão fácil.
I love you always.
Difícil, muito mais difícil, é amar sempre. Amar também quando é tempo de dar muito mais do que se recebe, de ser paciente e querer o bem. Amar também na falta e na fraqueza do outro, perceber-lhe as diferentes formas e aceitá-las como um todo. Ser capaz de, mais do que dizer, sentir verdadeiramente que se ama. Sempre. Independentemente da facilidade, não condicionalmente à forma, mas em todas as formas. I love you all ways.

Mesmo nos dias de alma rasa, aqueles em que temos o coração embalado a vácuo como um naco de picanha sul americana. If you know what I mean...

sábado, 6 de novembro de 2010

Se são? Não.

Não, não são. A maioria das coisas não são como nós queremos. Porque pura e simplesmente queremos demais, queremos naquele momento e naquela medida. E não há quem aguente ou, mesmo que aguentasse, não há quem adivinhe. A solução passa por querer menos. Simplesmente.

Acredito que aí começam as surpresas boas. Genuinamente. E em vez de amuos nascem sorrisos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Maçãs, simplesmente

Ontem à noite, quando já tinha perdido a noção da hora, quando na rua já se tinham calado todas as vozes, descasquei e cortei as maçãs, das amarelas e das vermelhas, e pu-las a dormir cobertas de açúcar e um pau de canela para mimo. De manhã, bem cedo, ainda o sol não se tinha levantado, lume lento. Ali ficaram, fervendo docemente. Mais tarde, foi acordar com o perfume doce espalhado pela casa e a delícia que é ter compota morna ao pequeno-almoço.
A vida sem estas coisas não me sabe ao mesmo. Faz-me falta que me saiam das mãos coisas que abrem sorrisos.

Acredito que a doçura existe dentro de todos nós mas a maravilha só se dá quando ela transborda.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

C'est comme il faut...


... mon Petit Gateau!

Um interior doce e derretido qb, numa estrutura sólida mas não rígida.

Pecado mortal. Um deles.

Respiro. Fundo. Aprendi que a inspiração profunda e lenta, seguida da expiração ainda mais profunda e mais lenta liberta. Vão-se os humores maus.
Mentiria se dissesse que nada me mói. Mói. Mói e dói. Mas passa. E passa cada vez mais depressa porque, afinal, é a mim que compete decidir o que me ocupa e ao que me dedico. E aqui, eu escolho o que realmente importa, escolho aquilo a que chamo bem, e que é o que me acrescenta e àqueles que amo. Em felicidade.
Veio isto a propósito de uma chazada azeda e um tanto raivosa que recebi de quem quis ser tido como especial ditando regras, decidindo o que quer receber, julgando que a sua simples presença já seria motivo de gáudio e gratidão eterna aos céus. Alguém que não percebe, ainda que dito de forma clara, tão clara como um Não pode ser, que na vida das pessoas não temos o lugar que queremos mas aquele que conquistamos. Alguém que não percebe que o amor não se impõe. Pior, alguém que não entende que ao amor não se acena com promessas de vida confortável e desafogada. O amor acontece. Ou não. Apenas. E se não acontece, paciência. Aí, ou se conserva a amizade ou, se não se conseguir, porque não se ser querido por quem queremos custa muito (been there, got the t-shirt to prove it), afastamo-nos. E voltamos à vida, que é tão breve e tão preciosa para ser desperdiçada.
O que não concebo nem aceito é que quem sempre foi clara, quem sempre disse Não esperes isso de mim, passe, no momento em que por fim se faz luz, de bestial a besta. Por isso, amiguinho, faz agora comigo, sim? Breathe in, slowly, deeply... E agora... breathe out, even more slowly...
É que a raiva é constritora e mata lentamente quem não sabe lidar com ela, tá?

Para além de ser pecado. Mortal. Mesmo. Está provado.

domingo, 24 de outubro de 2010

pre

Fiz arroz de passas.
Com canela.
Deliciosamente surpreendente.

Veio isto a propósito do preconceito, de pensarmos que as coisas estão moldadas para se encaixarem numas e não noutras. Que a canela encaixa no arroz, se for arroz doce. Não é verdade.
Preconceito é o conceito formado prematuramente, antes de maturado. A evitar sob pena de perdermos cores e sabores novos. No prato e na vida.

Só sei assim


Não sei se sei de outro amor senão daquele que me sai das mãos e dos gestos. Mesmo ao do olhar preciso de fazer algo, dar-lhe corpo.
Fiz-te doce de peras e maçãs.

Queria dar-te um pedaço de Outono...

Se ainda aí estiveres


Não sei bem que fiz de ti, digo-me agora. Lembro-me apenas que deixei de me escrever escrevendo-te porque se tornou doloroso. Decidi que deixarias de existir, que não me fazia bem, não tanto quanto achava, querer-te na minha vida. Deixei-te, como deixo tudo. Assim, de repente, numa volta sobre os calcanhares. 180 graus. Durante meses desviei o olhar da barra dos favoritos, neguei-me a tentação de rever-te aqui, em quem fui durante mais de um ano. E assim veio a paz. E a seguir a inquietação.
Hoje arrumei tudo o que é meu, e andava espalhado, e voltei para ti. Agora estamos só nós os dois. É de novo tempo de te ouvir e de te escrever, meu coração.

...se ainda aí estiveres, se não me tiveres esquecido.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Will I still...

Vou à janela quando sais.
Faço-o desde sempre, porque sim, porque há uma força qualquer que me impele para lá. Fico encostada a ver-te afastares-te, a diminuires de tamanho, até deixar de te ver quando dobras a esquina. Enquanto o frio da pedra não me desperta deixo-me ficar encostada, com os olhos postos no ponto onde desapareceste, num misto de saudade e de sensação de paz. Ou se calhar apenas de alívio, com o sentimento de ter feito tudo bem até ao fim. Como se já não fizesse mal que não voltasses. Ou que voltasses e já não me encontrasses.

Não sei, não quero saber, coisa alguma sobre o futuro.

terça-feira, 2 de março de 2010

São os trapos


Escorreu-me um não sabes como às vezes me custa quando me disseste, divertido, a menina anda sempre arranjada, varia muito, tem coisinhas novas muita vez. E, como se não bastasse, acrescentaste que quando gostas, gostas. Que o sobretudo que trazes já é quente demais para estes dias, mas que uma vez resgatado ao roupeiro já avançado o inverno, te tinhas apercebido do quanto gostas dele e que não te apetece deixá-lo. Em oposição ao meu ombro nu, muito branco, disseste, numa blusa antecipando a primavera. Sem mangas. Continuaste, achando graça à forma sistemática como não repito o calçado. Se soubesses como às vezes me custa, disse-te desta vez num sorriso aberto. Para que pensasses que te mentia. Com o olhar pousado na cúpula azul da mesquita. Infiel.
Só muito mais tarde te disse que, ainda que não pareça, também eu desejo o conforto tranquilo de não ter de procurar ou de escolher mais. Que quero saber com o que contar, sem a decepção de descobrir, pouco depois, que afinal me assenta mal. Que prefiro macieza do tecido puído pela convivência com a pele à novidade. Que não está tempo para blusas sem mangas mas que me alegram à falta do agasalho que se molda aos meus ombros e não me aperta o cotovelo quando dobro o braço. Aquele com que se vive, convive e revive. Que se conserta, remenda e recupera com dedicação e amor. Por vezes dou comigo a querer isso mesmo, a desejar encontrar o que me assentará bem, que nem uma luva, e que não vou querer trocar nunca mais. Mesmo que esteja a perder o pelo, mesmo deformada e esfarrapada, barriguda e fora de prazo, acresentaste. Sim, disse-te. Isso mesmo, fiz-me entender. Afinal percebes de trapos, atirei-te no meio duma careta.

Wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking, wishful thinking. Apenas.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Forró suits you better, crê-me


Fico assim, entre o cair pra trás de espanto e o escangalhada de riso quando vejo quem é egoísta e centrado no botãozinho da barriga, quem não cuida e só tem tempo para se lembrar que o outro existe quando está aborrecidinho do resto todo, vir espantar-se e indignar-se soltando Então e eu?'s e Não me disseste nada.
Haja paciência, enxergue-se!

Agora expliquem-me como é que alguém assim pode querer aprender tango. Logo tango! If only it didn't take two...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E os dois serão um só

O que era para ser apenas uma resposta transforma-se num post, só porque de repente esta coisa não me deixa comentar. Eu não consigo comentar no meu próprio blogue. Ok, muda-se o formato, mantém-se o conteúdo, ou seja, a mensagem. E é o que importa, afinal. Veio a propósito do post anterior e do comentário a ele. Foi o seguinte:

Ao fim do dia, se por algum motivo nos afastámos ou perdemos, deve bastar-nos voltar para nós próprios. E permitir-nos sorrir-nos ao abrir a porta e com sorrisos, e risos também, "acender as luzes no horizonte à medida que a noite cai".

Ao que quero responder dizendo

Na mouche, mana. Era essa mesma a mensagem. É preciso saber estar sozinho para se poder ser boa companhia para outrem. Voltar para alguém por não se saber estar só ou, pior, para se fugir da própria companhia, é uma maldade. Para o próprio e para o outro. Sobretudo se este outro se julgar amado quando não é, afinal, mais do que (um mal) necessário.

Ia rematar por aqui, numa repetição do exercício de tudo-ou-nada, um tanto radical, que tantas vezes faço, quando achei que devia ser mais realista. Senti-me na obrigação de dizer o que falta da verdade, que aqueles dois casos acima não são o que mais acontece. Na vida real, o mais comum, mesmo, é ser nem uma coisa nem outra. Ou seja, nem se volta porque se quer para quem se quer e que quer o mesmo, nem se volta para um mal menor, que nem por isso se quer, e que anda iludido julgando-se querido. Não.

O mais comum, mesmo, é termos dois actores, em sincronia, bem (in)conscientes, actuando na mesma farsa.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Foi o riso também

Não me lembro quando foi que por fim te vi, nem sei bem porquê só ao fim de tanto tempo...
Mas

Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade

O sorriso, o riso também.
Que fazem acender as luzes no horizonte à medida que a noite cai.

Se é preciso voltar para alguém ao fim do dia? Não.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Lançado!


Aquele a que chamei durante toda a primavera do ano passado o meu "Mil folhas", não pelo número de folhas mas pelo processo de dedicação e paciência que me exigiu, por crescer em fatias finas, uma a uma,vai ser lançado! Edição modesta, como a mais não poderia aspirar uma versão tão rudimentar. Mas vai ter direito a ISBN e tudo e tudo.
Ter uma publicação editada (não consigo chamar-lhe livro ainda) não é como ter um filho mas é um bocadinho parecido - sente-se uma ternura imensa, vontade de rir e de chorar, também, sem se saber ao certo porquê.

Isto é um retalho de felicidade.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pride, Prejudice and Prejuízo



A versão que eu queria, mesmo, era a original da BBC, com narradora for the blind e subtitles fiéis ao discurso for the earing impaired. É perfeito, satisfazem-se os sentidos e a imaginação. É como ter a Jane Austen ali ao lado. Digo eu, que gosto que me contem estórias...

É de mim querer nalgumas coisas, não tantas assim, só naquelas de que gosto mesmo, que sejam o melhor possível. E mais do que nas coisas, é o que quero na relação com aqueles de quem gosto e com quem estou só porque sim, porque gosto. Menos simples é, porém, esse gostar, esse só porque sim. Assenta no puro prazer da companhia, na alimentação dos sentidos, na conversa inteligente, no saber de tudo e de nada, no humor apurado sobre si mesmo antes, muito antes, da maledicência, no respeito pela natureza, por si e pelo outro, uma curiosidade infantil e uma vontade infinita de aprender. Assenta em ter paladar apurado, nariz para os aromas e no espírito taninos, porque também há conversas graves, mas sem excesso que traga adstringência. Tudo num carácter sólido. Menos do que isto é pouco. É muito pouco. Paciência.

Instalou-se alguma inquietação quando, ao me dizeres tratas-me bem te respondi que dificilmente me conhecerias outro modo de tratar-te, que passaríamos disso ao nada, assim, simplesmente, do bom trato ao nada, um dia. Assim? espantaste-te. E eu, sim, assim. No dia em que me desencantar, ou perceber que te desencantaste tu e logo por isso eu também, deixarás de me ver e eu a ti. Assim. Só não te riste porque percebeste que falei a sério mas sorriste apreensivo. Acudi-te, mais a mim que a ti na verdade, com um não te verei até que te recupere e nesse dia procurar-te-ei.
Era assim que gostava que fosse. Isso ou não ter esta coisa tão entranhada, que é rodar sobre os calcanhares. Queria perceber, aprender, na verdade, como é que se luta contra uma perda iminente, coisa de que fiz na vida apenas uma tentativa desastrosa. A minha especialidade são as voltas de 180 graus, mesmo, zapt! Sobre os calcanhares.

Amanhã vou voltar a sentar-me no sofá e respirar Mr. Darcy, para quem My good opinion once lost, is lost forever. Mas porque para sempre significa até ao infinito e tem carácter definitivo, crente como sou na mudança, não posso dizer o mesmo mas apenas que My good opinion once lost, is lost. Forever almost surely ou talvez até não.
Com todo o prejuízo que isso possa trazer.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Humpf!


Das características humanas, as que mais abomino são a crueldade e a cobardia.
Possuo ambas em dose superior ao que gostaria.

Don't


Rosno um Don't... lento e ameaçador de vez em quando no trânsito, que é onde mostramos o que somos. Mostramos aí, no futebol a que não assisto e à mesa de jogo onde em criança tentava fazer batota se me via em risco de perder. Hoje lido bem com a derrota, se esta for ditada pelos dados.
E é só.
De resto, não gosto nada, mesmo nada, de perder. Quando acontece, tolero a derrota, revejo as jogadas, preparo-me e volto à carga. Pode ser muito tempo depois, mas volto. Percebi que tenho dificuldade em esquecer e deixar passar certas coisas e disso não sei se m'orgulhe ou se m'avergonhe.
Mas adiante que me desvio. Era sobre o rosnar Don'ts que queria escrever. Porque no outro dia, depois dum desses Don't, me saíu a frase completa, o Don't touch my Breil, sussurrado como no anúncio da TV, e pensei como somos, tantas vezes, sensíveis a que mexam no nosso espaço ou nos nossos pertences.
Por isso e porque hoje levei um Don't e isso pôs-me no lugar. Cada um de nós tem pontos delicados e sensibilidades, imperceptíveis aos olhos dos outros, que, tantas vezes sem qualquer má intenção, lhes tocam e fazem mossa.
Vou estar mais atenta e ... Promise won't touch your Breil again.

Your Facebook I mean.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

E esta?


Até há dias estava convencida que tinha na guelra sangue latino, daquele que nos puxa para o tudo ou nada, para o amor ou o ódio, com choros, risos, rangeres de dentes, facas e alguidares pelo meio.
Mas não.
Afinal sou capaz de distinguir, gerir e guardar em compartimentos separados, bem separados, o desagrado e o reconhecimento do mérito de alguém de quem, tenho a certeza, não gosto nem gosta de mim.

Não sei se me espante, se me alegre ou se me aflija.
É que a vida sem um toque de novela mexicana tem menos, muito menos, piada.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Second best(a)


Digo tantas vezes que P'ra melhor está bem, está bem, p'ra pior já basta assim. Porque não haveria de dizê-lo, sentindo-o, se é assim que diz o povo, que é sábio? Dá-me tranquilidade e aconchego teimar nisto, na sabedoria do povo...
De facto, quem tem ou teve algo de um certo nível, seja ele qual for, não quer mudar para pior. Custa. Importam pouco aqui as medidas absolutas porque tudo é, afinal de contas, relativo. São-no o bom e o mau também, não se duvide disso. E fazer comparações é coisa que a espécie humana faz com refinada e (in)conveniente mestria. A nossa memória é muito melhor do que julgamos e sabe, no momento preciso, arrancar a crosta e esfregar, bem esfregado, o sal na ferida. E o momento certo é precisamente aquele em que nos deparamos com algo semelhante ou pior do que algo mau que já conhecemos, algures, no passado. Nessas ocasiões, tocam em nós todas as sirenes de alarme que deverão fazer com que sejamos capazes de evitar a repetição do desastre. Diz-se que isto é bom e até tem nome: é ter aprendido a lição. Uma lição dolorosa.
O que a nossa memória não faz tão bem, se é que o faz de todo, é, no momento em que acontece algo banal ou particularmente bom, procurar nas nossas memórias, uma situação semelhante mas com um desfecho pior e tratar de valorizar a ocorrência presente. Ou seja, raramente aprendemos uma lição quando acontece algo bom. Uma lição doce.
Neste pé, quando pensamos e afirmamos estarmos a tornar-nos exigentes à medida que o tempo passa e nos tornamos vividos, estamos, em geral, a pensar na vasta colecção de lições dolorosas que aprendemos e que usaremos em nossa defesa. Mas se assim for, não estaremos, senão, a tornar-nos intolerantes e injustos. Se não aprendermos a coleccionar lições doces e a servirmo-nos delas também para avaliarmos o presente, pessoas e situações novas não conseguirão ir além de second best (ou besta) e não serão, portanto, elegíveis para fazerem parte da nossa vida. Porque só p'ra melhor é que está bem, está bem...

A fasquia da qualidade é tantas vezes, afinal, um garrote. Disfarçado, a sufocar lentamente.

Digo eu, que passo o tempo a mandar pr'a trás enquanto trauteio o The best is yet to come.
If you know what I mean...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ligação (in)directa


Enganam-se quando me tomam o São os teus olhos por frase feita ou saída de mal disfarçada modéstia. Não é. É a verdade dita da forma mais simples, que é a forma que o povo encontra para dizer as coisas sábias.
É nos olhos de cada um, por terem ligação directa com o coração, que está a beleza. E nós temos, por vezes, a felicidade de ser em nós que ela se projecta, ou, melhor ainda, ser em nós que ela acontece. E tem zero de objectividade.

Já o que se faz a partir daí, com a beleza que se vê ou que em nós é vista, depende de cada um. Depende, sobretudo, de se fazer, ou não, ligação directa. À cabeça.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Olé!


Ainda ontem me ri e disse cá comigo, pensando noutros claro está, Orientem-se. Hoje foi a minha vez. Incauta, dei o flanco e foi em mim que marrou o bicho. Passou-me o riso num ápice. Doeu-me como o raio, não a investida mas ter cedido, ter dado a oportunidade. Fiquei zangada durante algum tempo e praguejei entre lágrimas de irritação e vontade de rir pelas coisas em que consigo pensar quando praguejo. Praguejar resulta. É que rapidamente chega um momento em que digo basta, volta lá à Terra, miúda. E vê se aprendes, ok? Vê se aprendes!
Agora, horas depois, aconchegada no sofá a ver, através da chuvinha fina, Lisboa tremeluzindo ao longe, de computador no colo, a fazer aquilo de que gosto e que me faz bem, que é vir aqui, pergunto: aprender o quê? A não dar, nunca, o flanco?
Não me parece. Vou mais pela capacidade de me recompor. É que sem abertura, sem dar o flanco, não há descoberta. E há tantas, tantas coisas boas por acontecer!

É claro que uma faixazinha abdominal ajuda ao embate. Ai se ajuda!

sábado, 9 de janeiro de 2010

What else?


Na preguiça a que tenho direito nas manhãs de fim-de-semana, dei comigo a apetecer-me que viesse este moço cá a casa pintar-me as unhas dos pés.
Se não queria mais nada? Claro que sim. Um Nespresso. What else?

O maior espectáculo do mundo


Chegaram em meados de Dezembro e instalaram-se no terreiro em frente ao pavilhão da antiga fábrica de lanifícios, aquele que serve agora para exposições temporárias e para a feira das comunidades migrantes. No mesmo terreiro aonde, aos domingos de manhã, um grupo de donos dedicados levam os respectivos cachorros às aulas de andar de trela curta, sentar, levantar e rebolar, dar a pata e ziguezaguear entre pinos. Enfim, cada um sabe de que carga semanal se quer livrar... E que fazer se burro velho não aprende línguas, mas os cães quem sabe, talvez com eles seja diferente?
Não sei a que horas chegaram mas quando dei por eles, noite alta, estavam apagadas todas as luzes, tudo era sombra sob os eucalitpos. Acesos, restavam apenas os neons e lia-se WA TER D AS. O mistério dissolveu-se na manhã seguinte quando passei, bem cedo, e pude ler, entre a neblina vinda do rio, CIRCO WALTER DIAS, num tipo de letra que, percebi, estava ao gosto de quem sonha com a Disney em technicolor.
Lembro-me que rosnei qualquer impropério entre dentes, chegam-me a balbúrdia das feiras no verão e as frenéticas campanhas de Natal que começam em Outubro, e desejei que se fossem depressa. Não foram. Mas também não vi vivalma naquele terreiro, gente na bilheteira, crianças curiosas junto ao camião das feras, nem feras detrás das grades. Zero durante três longas semanas.
Comecei a passar mais devagar, a procurar as trapezistas, o mágico, a domadora de caniches, o palhaço pobre... Nunca vi uma alma sequer. Arrependi-me de ter querido vê-los pelas costas e dei comigo a pensar em cada um deles. E lembrei-me dos artistas do Circo Fúria, que vi quando tinha 8 anos, e que deve ter sido o circo mais pobre à face da Terra. A única atracção animal era um cavalo velho negro, o Fúria, que após dar umas voltas à arena minúscula, simulava bravura com uns coices para depois se deixar domar por um homem de chicote longo, cartola, jaqueta vermelha, botas altas e calças brancas, justas, muito encardidas. Depois do Fúria vieram as trapezistas, duas mulheres jovens, de cabeleiras loiras, muito pintadas, muito iguais, de capa de veludo azul eléctrico. Pareceram-me em bem melhor estado que o cavalo mas quando tiraram as capas vi que as collants tinham buracos e que as sandálias altíssimas, de plataforma dourada, estavam cheias de lama. Subiram para o céu da tenda, penduraram-se pelos pés e balançaram-se num trapézio sem rede ao som de um tamborete nervoso. A partir daí e durante muito tempo o circo pareceu-me muito difícil e até triste.
Anteontem, quando passei junto ao terreiro, a tenda grande já estava no chão, a rulote da bilheteira já não ostentava os neons e o cercado dos animais, aqueles que não cheguei a saber o que eram, sequer, estava desmontado e empilhado. Mas ninguém por ali. Achei quase natural, era hora de almoço.
À noite, no regresso a casa, tinham-me devolvido o terreiro mais os eucaliptos, para debaixo dos quais voltará a escola de andar de trela curta, sentar, deitar, rebolar e dar a pata à voz de comando já este domingo.
Foi então que tive, como nunca, saudades dos palhaços. Livres, de terra em terra, sem escola daquela que funciona sob os eucaliptos aos domingos de manhã.
Não é o circo que é triste.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

No te empeñes mas


Não era dia de vir aqui, não tinha havido urgência até há pouco. Daquela boa, da que me faz adiar afazeres domésticos e me leva a sentar-me aqui e dedilhar. Aquela urgência que me faz, cada vez mais, sorrir comigo mesma e ser feliz porque só porque sim. Mas depois apeteceu-me, quando pus a tocar, baixinho, o Nocturnal de Charlie Haden. Quem já tiver ouvido isto cá em casa com luz suave, recostado no sofá, vendo as luzes da cidade e, noite alta a lua, brilhando sobre o rio, sabe que esta é a música perfeita para fazer as pazes com o mundo inteiro e ter a certeza que a riqueza maior da vida são o presente e a surpresa do que está para vir.
Veio isto a propósito da música escolhida, No te empeñes mas, que, ao contrário do que possa parecer, não quer dizer Desiste. Ao invés, é um convite à calma, ao respirar fundo, ao perspectivar e à reflexão. Convém que saibamos o que andamos a fazer e em que temos empregue a nossa energia. Sem descartar aquelas que são obrigações fundamentais, parece-me haver demasiada dedicação ao supérfulo que, sendo atraente à primeira vista, nos mantém reféns depois.
Nunca como agora me apeteceu tanto no me empeñar mas por tudo o que, realmente, não me faz melhor nem mais feliz.

Pois... a foto. Ai a foto...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Paz


Que aconteça um pouco mais por todo o mundo e em cada um de nós.

Me-do


Muito, mesmo.
Um mês inteirinho a faltar ao ginásio e o frio a puxar à busca do conforto pelo estômago. O bolo Rei, as nozes, os assados e o bacalhau. Vale que os doces no me piacene por aí além. Mas porque é início de ano e porque fazer de avestruz logo no dia primeiro é mau agoiro, fui buscá-la e trepei. Expirei, sussurrei-me um ne bouge pas e olhei para baixo devarinho: 53. Não sei se grite, se me descabele ou se me alegre por não ser ainda pior.

Enquanto medito sobre as medidas a tomar, vou ali a casa do mano deliciar-me com o cozido à portuguesa. Sexta-feira é uma mau dia para começar uma dieta, não é?