quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

No te empeñes mas


Não era dia de vir aqui, não tinha havido urgência até há pouco. Daquela boa, da que me faz adiar afazeres domésticos e me leva a sentar-me aqui e dedilhar. Aquela urgência que me faz, cada vez mais, sorrir comigo mesma e ser feliz porque só porque sim. Mas depois apeteceu-me, quando pus a tocar, baixinho, o Nocturnal de Charlie Haden. Quem já tiver ouvido isto cá em casa com luz suave, recostado no sofá, vendo as luzes da cidade e, noite alta a lua, brilhando sobre o rio, sabe que esta é a música perfeita para fazer as pazes com o mundo inteiro e ter a certeza que a riqueza maior da vida são o presente e a surpresa do que está para vir.
Veio isto a propósito da música escolhida, No te empeñes mas, que, ao contrário do que possa parecer, não quer dizer Desiste. Ao invés, é um convite à calma, ao respirar fundo, ao perspectivar e à reflexão. Convém que saibamos o que andamos a fazer e em que temos empregue a nossa energia. Sem descartar aquelas que são obrigações fundamentais, parece-me haver demasiada dedicação ao supérfulo que, sendo atraente à primeira vista, nos mantém reféns depois.
Nunca como agora me apeteceu tanto no me empeñar mas por tudo o que, realmente, não me faz melhor nem mais feliz.

Pois... a foto. Ai a foto...

2 comentários:

Alexandra disse...

Antes ver-te super-calma do que supér(fula?)... ai, ai, Estrelinha, saudades do Verão... deixa lá o lobo mau, foge comigo!

Mutante disse...

:o)
Eu sabia que a imagem ia criar entropia na leitura mas não resisti. Escrevi sobre uma coisa mas logo a meada do pensamento me levou a outra, aquela que a foto retrata tão bem quanto tu leste.