sábado, 13 de fevereiro de 2010

Forró suits you better, crê-me


Fico assim, entre o cair pra trás de espanto e o escangalhada de riso quando vejo quem é egoísta e centrado no botãozinho da barriga, quem não cuida e só tem tempo para se lembrar que o outro existe quando está aborrecidinho do resto todo, vir espantar-se e indignar-se soltando Então e eu?'s e Não me disseste nada.
Haja paciência, enxergue-se!

Agora expliquem-me como é que alguém assim pode querer aprender tango. Logo tango! If only it didn't take two...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E os dois serão um só

O que era para ser apenas uma resposta transforma-se num post, só porque de repente esta coisa não me deixa comentar. Eu não consigo comentar no meu próprio blogue. Ok, muda-se o formato, mantém-se o conteúdo, ou seja, a mensagem. E é o que importa, afinal. Veio a propósito do post anterior e do comentário a ele. Foi o seguinte:

Ao fim do dia, se por algum motivo nos afastámos ou perdemos, deve bastar-nos voltar para nós próprios. E permitir-nos sorrir-nos ao abrir a porta e com sorrisos, e risos também, "acender as luzes no horizonte à medida que a noite cai".

Ao que quero responder dizendo

Na mouche, mana. Era essa mesma a mensagem. É preciso saber estar sozinho para se poder ser boa companhia para outrem. Voltar para alguém por não se saber estar só ou, pior, para se fugir da própria companhia, é uma maldade. Para o próprio e para o outro. Sobretudo se este outro se julgar amado quando não é, afinal, mais do que (um mal) necessário.

Ia rematar por aqui, numa repetição do exercício de tudo-ou-nada, um tanto radical, que tantas vezes faço, quando achei que devia ser mais realista. Senti-me na obrigação de dizer o que falta da verdade, que aqueles dois casos acima não são o que mais acontece. Na vida real, o mais comum, mesmo, é ser nem uma coisa nem outra. Ou seja, nem se volta porque se quer para quem se quer e que quer o mesmo, nem se volta para um mal menor, que nem por isso se quer, e que anda iludido julgando-se querido. Não.

O mais comum, mesmo, é termos dois actores, em sincronia, bem (in)conscientes, actuando na mesma farsa.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Foi o riso também

Não me lembro quando foi que por fim te vi, nem sei bem porquê só ao fim de tanto tempo...
Mas

Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade

O sorriso, o riso também.
Que fazem acender as luzes no horizonte à medida que a noite cai.

Se é preciso voltar para alguém ao fim do dia? Não.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Lançado!


Aquele a que chamei durante toda a primavera do ano passado o meu "Mil folhas", não pelo número de folhas mas pelo processo de dedicação e paciência que me exigiu, por crescer em fatias finas, uma a uma,vai ser lançado! Edição modesta, como a mais não poderia aspirar uma versão tão rudimentar. Mas vai ter direito a ISBN e tudo e tudo.
Ter uma publicação editada (não consigo chamar-lhe livro ainda) não é como ter um filho mas é um bocadinho parecido - sente-se uma ternura imensa, vontade de rir e de chorar, também, sem se saber ao certo porquê.

Isto é um retalho de felicidade.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pride, Prejudice and Prejuízo



A versão que eu queria, mesmo, era a original da BBC, com narradora for the blind e subtitles fiéis ao discurso for the earing impaired. É perfeito, satisfazem-se os sentidos e a imaginação. É como ter a Jane Austen ali ao lado. Digo eu, que gosto que me contem estórias...

É de mim querer nalgumas coisas, não tantas assim, só naquelas de que gosto mesmo, que sejam o melhor possível. E mais do que nas coisas, é o que quero na relação com aqueles de quem gosto e com quem estou só porque sim, porque gosto. Menos simples é, porém, esse gostar, esse só porque sim. Assenta no puro prazer da companhia, na alimentação dos sentidos, na conversa inteligente, no saber de tudo e de nada, no humor apurado sobre si mesmo antes, muito antes, da maledicência, no respeito pela natureza, por si e pelo outro, uma curiosidade infantil e uma vontade infinita de aprender. Assenta em ter paladar apurado, nariz para os aromas e no espírito taninos, porque também há conversas graves, mas sem excesso que traga adstringência. Tudo num carácter sólido. Menos do que isto é pouco. É muito pouco. Paciência.

Instalou-se alguma inquietação quando, ao me dizeres tratas-me bem te respondi que dificilmente me conhecerias outro modo de tratar-te, que passaríamos disso ao nada, assim, simplesmente, do bom trato ao nada, um dia. Assim? espantaste-te. E eu, sim, assim. No dia em que me desencantar, ou perceber que te desencantaste tu e logo por isso eu também, deixarás de me ver e eu a ti. Assim. Só não te riste porque percebeste que falei a sério mas sorriste apreensivo. Acudi-te, mais a mim que a ti na verdade, com um não te verei até que te recupere e nesse dia procurar-te-ei.
Era assim que gostava que fosse. Isso ou não ter esta coisa tão entranhada, que é rodar sobre os calcanhares. Queria perceber, aprender, na verdade, como é que se luta contra uma perda iminente, coisa de que fiz na vida apenas uma tentativa desastrosa. A minha especialidade são as voltas de 180 graus, mesmo, zapt! Sobre os calcanhares.

Amanhã vou voltar a sentar-me no sofá e respirar Mr. Darcy, para quem My good opinion once lost, is lost forever. Mas porque para sempre significa até ao infinito e tem carácter definitivo, crente como sou na mudança, não posso dizer o mesmo mas apenas que My good opinion once lost, is lost. Forever almost surely ou talvez até não.
Com todo o prejuízo que isso possa trazer.