segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pecado mortal. Um deles.

Respiro. Fundo. Aprendi que a inspiração profunda e lenta, seguida da expiração ainda mais profunda e mais lenta liberta. Vão-se os humores maus.
Mentiria se dissesse que nada me mói. Mói. Mói e dói. Mas passa. E passa cada vez mais depressa porque, afinal, é a mim que compete decidir o que me ocupa e ao que me dedico. E aqui, eu escolho o que realmente importa, escolho aquilo a que chamo bem, e que é o que me acrescenta e àqueles que amo. Em felicidade.
Veio isto a propósito de uma chazada azeda e um tanto raivosa que recebi de quem quis ser tido como especial ditando regras, decidindo o que quer receber, julgando que a sua simples presença já seria motivo de gáudio e gratidão eterna aos céus. Alguém que não percebe, ainda que dito de forma clara, tão clara como um Não pode ser, que na vida das pessoas não temos o lugar que queremos mas aquele que conquistamos. Alguém que não percebe que o amor não se impõe. Pior, alguém que não entende que ao amor não se acena com promessas de vida confortável e desafogada. O amor acontece. Ou não. Apenas. E se não acontece, paciência. Aí, ou se conserva a amizade ou, se não se conseguir, porque não se ser querido por quem queremos custa muito (been there, got the t-shirt to prove it), afastamo-nos. E voltamos à vida, que é tão breve e tão preciosa para ser desperdiçada.
O que não concebo nem aceito é que quem sempre foi clara, quem sempre disse Não esperes isso de mim, passe, no momento em que por fim se faz luz, de bestial a besta. Por isso, amiguinho, faz agora comigo, sim? Breathe in, slowly, deeply... E agora... breathe out, even more slowly...
É que a raiva é constritora e mata lentamente quem não sabe lidar com ela, tá?

Para além de ser pecado. Mortal. Mesmo. Está provado.

5 comentários:

Alexandra disse...

Ia dizer-te: mas tu perdes tempo com gente assim? Mas arrependi-me, claro! Pois se saiu uma belíssima postagem à custa disso! Take a deep breathe and dance!
http://www.youtube.com/watch?v=AavSTvRqRDc

Mutante disse...

Querida mana,
iria eu perder a oportunidade de também pecar rindo-me e fazendo rir venenosamente?
E aquela Rachel Weisz, não era um pecado deixar de tê-la aqui? Hum?

Alexandra disse...

Mais que venenosa, a tua resposta foi constritora... ;-)
Vamos ver se a Rachel e a Salma se dão bem juntas...

Tiago Coen disse...

O que se passa com as pessoas hoje, que nos 'amigam' e 'desamigam', como se cada ser não passasse de um brand new gadget que se adora e deseja como se não houvesse outro, e logo se desdenha e abandona como se nunca houvesse existido?!...

Mutante disse...

Tem a ver com satisfação e preenchimento de faltas ou falhas. Se satisfaz e preenche, serve. Se não, há que buscar novo. Até que se encontre. Ou não.
Parece-me fundamental que cada um perceba quão ilusória pode ser essa busca. Que há satisfações que são individuais e falhas que só podem ser preenchidas pelo próprio.