
Não colho flores mas a garganta apertava-se-me de emoção quando me trazias jarros. Não por serem belos, tampouco por terem a minha predilecção, mas porque te imaginava colhendo-os pensando em mim.
Não colho flores, não tenho flores em jarras. Essa beleza não me pertence, não a quero fechada entre as minhas paredes. Nem essa nem a tua, que se sente presa mesmo com a porta aberta e as janelas rasgadas sobre o rio.
Liberdade e mobilidade não são a mesma coisa. E a tua, tal como a das flores, passa por ficares junto à terra.
E eu... eu não colho flores.
Acordei com vontade de fazer arrumações e, ainda mais, de deitar coisas fora. Estou farta de coisas, enchem-se de pó e a sua inutilidade ocupa-me e entristece-me. Guardo memórias, não fossemos nós senão o somatório do que já vivemos. Resgatei esta, escrevinhada algures.
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