
Respiro. Fundo. Aprendi que a inspiração profunda e lenta, seguida da expiração ainda mais profunda e mais lenta liberta. Vão-se os humores maus.
Mentiria se dissesse que nada me mói. Mói. Mói e dói. Mas passa. E passa cada vez mais depressa porque, afinal, é a mim que compete decidir o que me ocupa e ao que me dedico. E aqui, eu escolho o que realmente importa, escolho aquilo a que chamo bem, e que é o que me acrescenta e àqueles que amo. Em felicidade.
Veio isto a propósito de uma chazada azeda e um tanto raivosa que recebi de quem quis ser tido como especial ditando regras, decidindo o que quer receber, julgando que a sua simples presença já seria motivo de gáudio e gratidão eterna aos céus. Alguém que não percebe, ainda que dito de forma clara, tão clara como um Não pode ser, que na vida das pessoas não temos o lugar que queremos mas aquele que conquistamos. Alguém que não percebe que o amor não se impõe. Pior, alguém que não entende que ao amor não se acena com promessas de vida confortável e desafogada. O amor acontece. Ou não. Apenas. E se não acontece, paciência. Aí, ou se conserva a amizade ou, se não se conseguir, porque não se ser querido por quem queremos custa muito (been there, got the t-shirt to prove it), afastamo-nos. E voltamos à vida, que é tão breve e tão preciosa para ser desperdiçada.
O que não concebo nem aceito é que quem sempre foi clara, quem sempre disse Não esperes isso de mim, passe, no momento em que por fim se faz luz, de bestial a besta. Por isso, amiguinho, faz agora comigo, sim? Breathe in, slowly, deeply... E agora... breathe out, even more slowly...
É que a raiva é constritora e mata lentamente quem não sabe lidar com ela, tá?
Para além de ser pecado. Mortal. Mesmo. Está provado.