
Recostaste-te, rodaste o copo, sorriste e atiraste Li e o tema é recorrente, negro, triste. Porque não escreves sobre coisas alegres? A vida é mais divertida do que mostras ali. E porque escreves de forma anónima? Porque é que não está lá o teu nome?
Eu já estava recostada. Imitei-te o rodar do copo, sorri e encaixei. Não sem algum custo, e não sei se consegui disfarçar o incómodo. Uma pergunta assim é como lançar um pedra num lago. Perturba.
Mas o facto de ter vindo de quem brincou connosco há quase 30 anos atrás e quase nada sabe de nós, facilita. É quase académica, coisa de quem estuda os outros. Não é pessoal, não pode ser. A menos que estivesse intrigado por, tal como eu, se ter assumido, por escrito, como interessado no porquê e nas causas das coisas. Ou, desconfio, interessado no porquê e nas causas das coisas em nós mesmos.
A pergunta não me tirou o sono, mas fez-me levantar cedo e tenho andado a pensar no assunto, não gosto de pontas soltas. De acordo, a vida é bem mais divertida, tal como eu sou bem mais divertida do que aquilo que escrevo aqui. Volto atrás e penso no que me levou a querer escrever. Há uma resposta que surge de imediato: necessidade de arrumação interior. Escrevo, na maioria das vezes, sobre o que me incomoda, sobre aquilo que quero compreender e pretendo mudar. Daí a recorrência, é preciso insistir. As melhorias, os avanços, registo-os. São uma espécie de marcos. Recorrentes, também. Com as coisas melhores, mais leves, divertidas, posso muito bem e por isso não preciso de trazê-las aqui.
Este blogue não é o relato dos meus dias. Não é o meu retrato, é apenas uma parte, pequena mas importante. Para mim. Tal como é para mim que escrevo. Até estas ideias um tanto desordenadas, em jeito de resposta, são para mim. São ponto de partida, ponto de reflexão e ponto de chegada. Para entender alguns porquês. E estão aqui penduradas, são públicas, porque isso me faz sentir acompanhada.
Quanto ao anonimato, entendendo-se por anonimato a ausência do meu nome no perfil, que dizer senão que é, talvez, a única coisa em mim que não mudará? Assim sendo, não faz aqui falta. Neste blogue, o assunto é a mudança.
4 comentários:
http://porquetudomuda.blogspot.com/2009/06/recado.html
É assim, Estrelinha. Abraço apertado.
Fui reler o recado. Mais tarde, talvez, faça umas estatísticas relativas às etiquetas dos posts. :)
Se tenho escrito menos sobre alegrias (tenho?) não é, realmente, porque elas se tenham tornado menos frequentes mas precisamente pelo contrário. Felizmente. Já era tempo!
Abraço apertado, mana.
E quem é que brincava connosco há cerca de 30 anos, hein? Estou a sentir-me paleolítica, diz-me por quê. :p
Até te dizia mas tenho a mania do anonimato ;)
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