quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Saberá que sabe que sabe?


Ela sabia da distância, do silêncio, da impossibilidade expressa. Como sabia que ele sabia dela, porque ela lhe deixava recados. Afixava a alma num local público por onde ele passava. Lia quem quisesse mas, sobretudo, lia quem ela queria que lesse. Ele lia. Daqueles, dos outros, alguns liam recados, outros reviam-se nela - há uma tendência grande para a compaixão...

Ela, sempre que lhe escreve, sorri. Decidiu sourire a n'importe quoi.

Ele saberá, ou não. Mas que importa? O olhar dela perde-se no horizonte, não nas pedras da calçada.

11 comentários:

Alexandra disse...

Só na última frase é que percebi quem é "ela". Já dele não sei patavina. Mas também não importa, pois se ela é feliz assim, eu também sou.

PS: Fazes-me bem.

Mutante disse...

É feliz, sim. Sobretudo desde que decidiu passar a sourire a n'importe quoi. E dele, nada sabe e não se importa. Só lhe escreve porque lhe faz bem.

Anónimo disse...

Muito, muito bonito... mas quem é ela?

Mutante disse...

Ela... Ela é a mulher que arruma gavetas e que tenta deitar fora a amargura. Que do passado guarda duas coisas: as lições e as memórias boas. Que vai descobrindo, a cada dia, cada vez melhor, quem é. Que sabe o que não quer e em quem quer tornar-se. E faz por isso. Que se alegra quando avança mas que também sabe que virão dias em que se desesperará. Nesses dias, sabe que tem de ser paciente consigo mesma e amar-se mais um pouco. Que trata de se educar como educa os filhos- tout doucement. Porque só o que é feito com amor fica, realmente, bem feito.
Esta mulher tem todos os nomes.

Mutante disse...

... e sabe que sabe muito pouco.

Anónimo disse...

que Mulher extraordinária :)

Mutante disse...

Mana,
Estou com a ligeira impressão de que estás a ri-te de mim. Não comigo nem para mim.
Ai, ai!

Alexandra disse...

Água, mana. ;P

Anónimo disse...

ai que as manas zangam-se... :)

Mutante disse...

Água, Anónimo. Água! ;P

Alexandra disse...

Chove tanto por cá :)