quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Conta-me estórias

Ainda no outro dia comecei a escrever-te. Depois decidi que não, que não te escreveria nem pensaria em ti, sequer.
A vontade de ter-te perto foi coisa de momento. Apeteciam-me o teu colo, as estórias que me contas e as que deixas começadas com desfecho prometido para outro dia. Tal como eu gosto, para que fique aquela vontade impaciente de voltar a ver-te. De ver suavizarem-se as linhas do teu rosto enquanto me contas quem és, onde estiveste e como aqui chegaste. E o bem que te faz teres-me a ouvir-te.



O que é um contador de estórias sem um ouvinte? Mas... Was I made for you? Again, no me lo creo.

6 comentários:

Anónimo disse...

...e como é bom ler-te... que pena tenho de não conseguir traduzir sentimentos em palavras, emoções em frases... dizer sem dizer... também por isso é tão bom ler-te...

Ainda bem que hoje podemos ficar insatisfeitos sem ter de amachucar as mal sucedidas tentativas de dizer com pouco muito (várias árvores agradecem... por outro lado, o relógio sorri).

Havia tanto por dizer, tanto por contar, tantas estórias e tantas histórias... dos momentos vividos, de sensações passadas, de recordações... lembro-me de cada centímetro do teu rosto.

Hoje ando às voltas com a teoria do caos, com a teoria da complexidade... mas foi já há alguns anos que realizei como pequenos pormenores podem afectar o curso de toda uma vida... não há "undos".

E não, não há contador de estórias sem ouvinte... quanto ao resto, não sei... quero acreditar que sim.

Mutante disse...

Não há "undos", felizmente. Pois caso contrário correríamos o risco de perdermos a nossa identidade na tentativa de refazer melhor.
Somos resultado de um percurso e tudo o que somos a ele se deve. Inclusivamente a consciência da consequência das nossas escolhas.
Não é possível voltar atrás e traçar novo caminho mas existe, e é real, a possibilidade de escolha a cada dia. E é a isso que devemos
estar atentos e que não devemos temer. Seja o que for que façamos, optemos nós por nada mudar ou por inflectir seriamente o nosso percurso, façamo-lo de toda a cabeça e coração. E depois digamos Eu escolhi isto!
Os Ai não posso, os Agora é tarde e os Não me deixam, são desculpas de bambis, de coelhinhos da Páscoa e de anjinhos ocos. Digo eu.
Ou melhor, volto a dizer:
http://porquetudomuda.blogspot.com/2009/06/somatotrofina-falta-que-tu-fazes.html

Mutante disse...

As recordações podem ser algo delicioso se forem apenas isso mesmo, recordações, e não deixarmos que nos amargurem ao imaginarmos, a partir delas, um percurso maravilhoso diferente do que traçámos. Isso é tolice.

Já acreditar que tudo pode ser melhor e ter muita, mesmo muita, esperança, sim! :)

Fundamental? Fazermos por isso.

Alexandra disse...

Para voltar e (re)ler muitas vezes.

Anónimo disse...

Felizes(?) aqueles que não têm dúvidas... mais felizes ainda aqueles que nunca se arrependeram... sejam bambis ou leões...

"To be, or not to be, that is the question: Whether 'tis nobler in the mind to suffer The slings and arrows of outrageous fortune; Or to take arms against a sea of troubles, And by opposing end them?"
William Shakespeare

Mutante disse...

Não creio que existam duns ou doutros: todos nos questionamos e todos já nos arrependemos de escolhas e acções passadas.
O que não devemos, penso, é ficar presos ao passado.
Reformulo: não quero ficar presa ao passado e quero conviver de forma serena com as minhas escolhas. E com as minhas dúvidas também.
Quem sou eu para falar no plural e ousar mostrar caminhos a outros quando é apenas o meu que procuro?