terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vade retro!


Se há coisa de que não gosto mesmo é de sentir saudades.
Saudades não são recordações doces. Ter saudades é sentir falta, é não estarmos inteiros. É termos a cabeça e o peito noutro lado e no lugar deles um vazio difícil de preencher.
Detesto sentir saudades. Fico à toa, sem saber o que fazer com a falta desses dois, meus mais-que-tudo, cérebro e coração. Que há para além de pensar e sentir por inteiro?

Por isso, antes que ataquem, estou a ver se me ponho en garde.

4 comentários:

Alexandra disse...

http://professor.aaldeia.net/errante.htm

Mutante disse...

Bonito.
São, a meu ver, saudades que se transformaram em recordações. Mais doces umas que outras, é certo, e que doeram em algum momento. O que importa é que se evolua da saudade dolorosa.
Tem razão quando diz que o remédio para as saudades não é não senti-las. É, julgo, saber o que fazer com esse sentir.

Anónimo disse...

Discordo Mutante ou, pelo menos, não concordo totalmente... Só sentimos saudades das recordações doces. Dói, de facto, ao sentir falta, mas é porque é falta de uma coisa boa.

Também prefiro estar do que estar a desejar estar (ena, esta ficou gira... deixa "estar!" :)), mas por outro lado, aumenta a vontade, o desejo do "estar"... e como por vezes é grande esse desejo.

Poisa lá o bastão ;)

Mutante disse...

Anónimo,

Com o que podemos bem são as saudadinhas (aquilo a que chamei recordações doces).
Há-as de vários tipos. Por exemplo, as dos momentos simples e bonitos do passado, como a infância, a adolescência, os primeiros amores ou o nascimento dos filhos. São assuntos arrumados, que revisitamos com a dita saudade, porque nos são queridos e não porque deles sintamos falta. Estão arrumados, são passado assimilado.
As saudades de que falas são, parece-me, as saudades de um futuro próximo, alimentadas pela recordação de bons momentos passados, na antecipação de mais bons momentos num futuro breve. A estas também acho graça.

Mas as saudades a que me referi no post são das outras: as que não se resolvem, as que não têm futuro próximo nem longínquo e que, portanto, ou passam a recordação doce ou se enterram no esquecimento.

Bastão poisado. :o)