terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Oito

Sexta-feira, manhã bem cedo, o rio estava bonito. Muito. Acho-o sempre assim, bonito, e isso só pode ser pelo quanto gosto dele. Maré cheia, a superfície espelhada, como é costume de manhã cedo, o ar húmido, a neblina alaranjada pelos primeiros raios de sol, os vermelhos, que duram só uns minutos.
Do fundo da baía um bando de flamingos levantou voo. Fiquei a vê-los passar, coisa de segundos, que a velocidade relativa de dois corpos que se movem em direcções opostas é igual à soma das velocidades respectivas, o que é pena em casos como este. Como foi pena o fim-de-semana de trabalho a significar adiamento no cumprimento das promessas de pedalada assim que a chuva se fosse.
Depois foi vez de segunda-feira de manhã. Gosto de segundas-feiras, sabem a oportunidade. Desta feita, o caminho à beira rio serviu para deitar contas ao tempo, o que o relógio marca, e achar que oito é o número que me convém: oito horas de trabalho no máximo, horas de sono a tender para oito e as outras oito, utilizadas da melhor maneira possível entre dever e prazer.
Correu mal. Trabalhei onze horas, corri para o supermercado antes que fechasse, troquei o jantar por um copo de leite e entretive-me na leitura e nos rabiscos. O tempo voou e nem dei pelas horas. Oito é quanto marca o despertador. Amanhã às oito vou procurar os flamingos. Vou de bicicleta e só regresso depois de fazer oito quilómetros.

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