sábado, 9 de maio de 2009

Pertencer


Saí ao fim da manhã e desci em direcção ao rio. Como sempre. Fui até à ponta do cais velho, em frente ao jardim, e por ali estive um bocado. Desta vez não olhei tanto o rio, mas a vila vista dali. A falta de objectividade do olhar faz-me sorrir tantas vezes... Sorri porque a achei linda apesar das ruas mal cuidadas e das casas com a fachada descascada. Achei-a linda como achamos lindos rostos dos que amamos. Deixei-me estar a sentir a brisa e o sol na pele, até que o calor me fez dar pelas horas. Regressei pelo interior da vila, pelas ruas estreitas, de passeios mais estreitos ainda, e casas minúsculas. Fui sentindo, à medida que avançava, o cheiro da roupa lavada que balouçava suavemente nos estendais improvisados às janelas, e que alternava com o do carvão a queimar nos grelhadores à porta das casas. Em cada recanto pulsava vida. De gente da terra, que é gente do rio. Da terra e do rio que sinto como meus quando os olho daqui, do cimo da colina.

A foto foi surripiada daqui.

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