sexta-feira, 17 de abril de 2009

Voltar

Em pára-arranca desde Campolide, há quem desespere antes de deixar a cidade para trás. Importo-me pouco com isso e entretenho-me a ver os rostos, quase todos tensos, dos outros condutores. Como o meu, às tantas... Mal dou pelo caminho enquanto não chego ao tabuleiro da ponte.

É ver o rio e o sol a descer no mar que quero. Ver chegar a noite, de que só gosto desde que me mudei para esta casa no alto da colina. Aqui, de onde passei a ver o rio e as luzes de Lisboa. Onde desfiei madrugadas de lua gorda fazendo as águas da baía brilhar como prata, até que no céu ficavam só ela e Vénus, e depois se iam, juntas, com a chegada do sol. E Lisboa ao longe, sobre as águas.
É por saber que é esta a visão que me aguarda, que me tranquiliza ver o sol descer no mar. Por isto e por saber que nasce para outros e lhes leva luz e calor. Como fez comigo hoje e voltará a fazer amanhã. Há certeza mais apaziguadora do que esta?
Foto: A paz, tal como se vê daqui.

Sem comentários: